Lutas

Em visita de Lula a Embraer, Sindicato dos Metalúrgicos de SJC cobra medidas em favor dos trabalhadores

PSTU São José dos Campos

30 de abril de 2024
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Weller, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de SJC, com a carta entregue a Lula, na Embraer
Weller, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de SJC, com a carta entregue a Lula, na Embraer

Na sexta-feira (26), Lula esteve em São José dos Campos (SP), onde participou de uma solenidade para a entrega de um jato da Embraer para a Azul Linhas Aéreas.

Entre empresa e governo, o clima foi de festa. A direção da Embraer comemorou o negócio bilionário. A aeronave entregue, modelo 195-E2, é a primeira de um lote de 13 aviões adquiridos pela Azul, num montante de R$ 3 bilhões.

Em seu discurso, o presidente da Embraer, também informou que a empresa planeja investimentos de R$ 2 bilhões em 2024 e criação de 900 empregos.

Já Lula discursou resgatando a história da criação da empresa e enfatizou que a Embraer “sempre foi motivo de orgulho” para o país.

A agenda também incluiu uma visita ao ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), onde Lula falou sobre o setor de Defesa e disse que o Brasil precisa de uma indústria forte, “não para fazer guerra, mas para evitá-la, construindo um ambiente de paz”.

Sindicato dos Metalúrgicos aponta contradições

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, Weller Gonçalves, compareceu ao evento na Embraer para entregar a Lula uma carta reivindicando medidas em defesa dos trabalhadores. Os trabalhadores cobram uma audiência com o presidente para discutir a situação.

O documento solicita que o Governo Federal interceda em favor dos trabalhadores da categoria, das empresas Avibras, que estão há um ano sem salários, e da Embraer, que desde 2017 estão sem Convenção Coletiva.

No documento (acesse aqui), o Sindicato expôs a grave situação vivida pelos trabalhadores da Avibras, empresa do setor de defesa que está em recuperação judicial. Eles estão em greve desde setembro de 2022, em razão de constantes atrasos salariais. As dívidas trabalhistas chegam a R$ 14,5 milhões.

“Apelamos ao Governo Federal para que interceda em favor dos trabalhadores, de forma a garantir a regularização dos salários e a manutenção dos empregos. Um caminho para essa regularização seria a antecipação do pagamento do contrato de R$ 60 milhões assinado entre a Avibras e as Forças Armadas Brasileiras”, diz um trecho da carta.

Há mais de dois anos o Sindicato luta pela estatização da Avibras, como forma de manter a fábrica em operação, preservar os empregos e colocá-la a serviço do Brasil.

A carta endereçada a Lula também relata o fato de a Embraer se recusar a assinar a Convenção Coletiva dos metalúrgicos, deixando os trabalhadores da fábrica sem a garantia de direitos conquistados ao longo de décadas.

A Embraer tem um histórico de práticas antissindicais e de muita repressão à organização e mobilização dos funcionários.

“Não pode ser que enquanto a Embraer comemora lucros em alta, com crescimento de 55% no quarto trimestre de 2023, e segue recebendo recursos do governo, através do BNDES, sendo R$ 10 bilhões, em 2023, e mais R$ 6 bilhões, neste início de 2024, os trabalhadores não tenham sequer uma convenção coletiva assinada, pois a empresa insiste em atacar direitos”, afirmou Weller Gonçalves, presidente do Sindmetalsjc e militante do PSTU.

Em relação à Avibras a contradição também é gritante, aponta Weller. “Lula falou em indústria forte, mas a Avibras, uma empresa estratégica do setor de Defesa, está para ser vendida para uma empresa estrangeira, o que irá aprofundar a desnacionalização e trazer uma ameaça à soberania do país e o governo não se propõe a impedir essa entrega”, denunciou.

“Lula criticou a perda de engenheiros da Embraer para a Boeing, dizendo que o país está perdendo os “cérebros” da fabricação de aviões e que isso não pode continuar. Ali no evento questionei o presidente, afinal, na Avibras também há engenheiros de um setor estratégico como de Defesa sem salários há mais de um ano. Cobramos que o governo precisa intervir . Afinal, não basta discurso, é preciso agir na prática”, concluiu Weller.