Negros

PM invade prédio sem mandado judicial e imigrante morre no centro de SP

Claudio Donizete, operário do ABC e da Secretaria de Negros e Negras do PSTU

25 de abril de 2024
star4.2 (5 avaliações)
Manifestação no centro de SP. Imagem redes sociais

Nesta quinta-feira, 25, em São Paulo, ocorreu um protesto em decorrência da morte suspeita do senegalês Serigne Mourballa Mbaye, de 36 anos, que teve seu apartamento invadido pela PM, sem nenhuma justificativa de flagrante ou ordem judicial. Durante o episódio lamentável da invasão pela PM, o corpo de Serigne Mourballa Mbaye caiu do 6° andar do prédio na Rua Guaianases, centro de São Paulo.

Há relatos de moradores que presenciaram toda a invasão. Dizem que, por volta das 19h, ouviram o som do corpo de Mbaye caindo no chão. Os policiais comentaram em seguida que “o lixo caiu” e o “lixo foi jogado”. Segundo relatos, Mbaye migrou para o Brasil em 2013 e morava em São Paulo há nove anos, sendo ainda pai de duas crianças.

Protesto e indignação pela morte de Mbaye

Houve protestos contra a ação truculenta e ilegal da PM por moradores do local. Indignados com a invasão e morte de Mbaye, houve confronto com a PM, que novamente reagiu de maneira violenta com bombas de gás e balas de borracha.

Mesmo a síndica do prédio questionando a forma, e a injustificável e ilegal presença deles ali, seguiu sem nenhuma resposta as perguntas da síndica. Segundo relato dela à Folha de S. Paulo, Maria de Lurdes, 67, disse que os PMs entraram sem dizer nenhuma palavra e ignoraram suas reclamações. “Eu falei para eles: ‘O que é isso? Aqui é a casa da mãe Joana, por acaso?’, mas nem olharam para minha cara”, contou. “Eles fazem isso [entrar sem mandado] direto aqui, desde o começo do ano.”

A síndica ainda relatou que “misteriosamente” o HD que armazena as imagens das câmeras de segurança, e provavelmente gravou toda ação policial no prédio, sumiu em meio à confusão e confronto dentro do prédio entre os moradores e os policiais.

Os moradores negam que o homem estivesse envolvido no comércio de celulares roubados, versão dada pelos policiais na tentativa de justificar sua ação ilegal, truculenta e trágica.

Contra a PM racista e xenofóbica: Justiça e punição pela morte de Mbaye

Nessa quinta-feira (25), houve protesto organizado por amigos, colegas e ambulantes de várias regiões do Centro de São Paulo. A comunidade de Imigrantes do Continente Africano, brasileiros e estrangeiros, vem denunciando o aumento da violência contra a comunidade pela PM racista do governador Tarcisio de Freitas (Republicanos) comandada pelo genocida e o Secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite.

É necessário dar um basta nessa violência racista e xenofóbica que vem em uma escalada cada vez maior de violência e morte, principalmente da comunidade negra imigrante em São Paulo.

O movimento negro, sociais, sindicatos e entidades de nossa classe tem que acolher de solidariedade mais esse caso brutal e exigir rigorosa apuração e punição dos policiais envolvidos e das autoridades benevolentes a toda essa barbárie genocida que avança sobre os corpos negros em São Paulo e no Brasil.