Três Lagoas (MS): Servidores municipais da Educação paralisam em defesa da carreira e por melhores salários
Ramiro Rocha Pereira, secretário escolar e militante do PSTU
Ontem (20/03), após mais de uma década de relativa estabilidade, os servidores administrativos da educação Municipal de Três Lagoas cruzaram os braços e paralisaram suas atividades para exigir da prefeitura de Três Lagoas o cumprimento da Lei: que seja pago o salário mínimo para os servidores que estão na base da tabela do plano de cargos e carreiras.
Com a palavra-de-ordem “Valorização! Não é bagunça, é mobilização”, os servidores fizeram uma passeata, na parte da manhã, da sede do SINTED (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Três Lagoas e Selvíria) até o Paço Municipal, onde se encontra o gabinete do prefeito. Foi uma mobilização importante que contou com o apoio incondicional da população que estava passando pela rua.
Valorização, já!
Desde 2023, o salário inicial de quem ingressa no quadro administrativo da educação municipal com ensino fundamental está abaixo do salário mínimo, que hoje está em R$1.412. Se o salário mínimo já é considerado muito baixo diante das necessidades da classe trabalhadora, um salário abaixo disso é no mínimo imoral. Para que não fique em maus lençóis com a justiça, a prefeitura dá uma “complementação” que não dá nem para sentir bolso.
O mais absurdo é que diante de uma inflação que devora os salários de toda a classe trabalhadora, levando em consideração o preço dos utensílios mais básicos do dia-a-dia, a Prefeitura apresentou uma proposta vergonhosa de 4,62% de aumento salarial e ZERO de aumento no Vale Alimentação.
Um verdadeiro absurdo para a cidade considerada a “Capital da Celulose”, com uma arrecadação de mais de R$1 bilhão em 2023 e que acaba de anunciar o chamado “pacotão de obras” de R$400 milhões em pleno ano eleitoral. Dinheiro para as empreiteiras e para os altos salários tem, mas para os servidores que contribuem para o funcionamento da educação não tem?
Assédio moral: não vai nos calar!
Durante o processo de mobilização nas escolas para a paralização, a coação foi amplamente utilizada para tentar impedir a luta. Até aí, nenhuma novidade em uma cidade marcada pelas práticas coronelistas de controle social e político, o que não quer dizer que não tenhamos que combater.
A “novidade”, e as aspas são de ironia mesmo, é que muitos servidores que aderiram a paralização estavam em estágio probatório e foram ameaçados. Servidores não concursados também foram coagidos a não participarem com ameaça de demissão.
Isso é uma verdadeira vergonha para uma cidade que se propagandeia como uma das melhores em educação no Estado de Mato Grosso do Sul. O marketing pode até ser bom, mas a realidade é que os servidores não são valorizados e sofrem com a sobrecarga de trabalho todos os dias.
Mas apesar das ações da prefeitura, continuaremos firmes e fortes na luta. Pois além da conquista salarial, que pra nós é importantíssima para que consigamos sobreviver nessa desgraça de sistema capitalista, agora estamos mais confiantes em nosso próprio poder de mobilização.