Lutas

Toyota quer usar dinheiro público para fechar fábrica

Montadora japonesa foi uma das que anunciaram investimentos no país, mas esconde fechamento de planta

Frodo, de Indaiatuba-SP

16 de março de 2024
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Fábrica da Toyota Foto Divulgação

Desde os anúncios de mudanças na tributação de importações de carros elétricos temos visto uma enxurrada de promessas de investimentos de montadoras. Começou com as chinesas e depois avançou para as demais.

Há detalhes importantes, no entanto, sendo ofuscados. Um deles é o fechamento da planta da Toyota em Indaiatuba, cidade vizinha de Campinas, no interior de São Paulo.

Isenções à vontade para os bilionários

Segundo informações do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, a montadora japonesa recebeu diversos subsídios da prefeitura municipal ao longo dos anos, como isenção de impostos e redução na tarifa da água.

Que trabalhadora ou trabalhador teve esse tipo de isenção em qualquer momento da vida? Pelo contrário: os impostos para a classe trabalhadora só sobem. Já para as grandes empresas eles pagam menos impostos e ainda lucram bilhões com isso.

Diante disso, a postura do prefeito Nilson Gaspar (MDB) foi vergonhosa: a simples aceitação da imposição da empresa, limitando-se a repetir alguns de seus argumentos vazios.

Mas não é só do município que vem as facilidades para as multinacionais. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), providenciou a liberação de R$ 1 bilhão em créditos do ICMS para a empresa “investir” no estado. Porém, onde já se viu investimento que fecha fábrica?

É por isso que o governador silencia sobre a situação de Indaiatuba: sabe que é uma postura inaceitável, mas não quer se indispor com o empresariado. Por isso poupa a Toyota, escondendo o plano completo da empresa enquanto ajuda a financiar o fechamento dessa fábrica.

Postura semelhante vem do Governo Federal de Lula (PT) e Alckmin (PSB). O vice-presidente, que é também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, anunciou que os R$ 11 bilhões de investimentos da montadora são parte dos programas “Mover” e “Combustível do Futuro”.

Em outras palavras: vem também do Governo Federal o dinheiro público que vai ajudar a Toyota a encerrar as atividades na cidade de Indaiatuba.

Planta da Toyota em Indaiatuba Foto Divulgação

Promessas vazias

Como vemos, os tais R$ 11 bilhões não são tudo investimento, e parte disso sai, de uma forma ou de outra, do bolso dos próprios trabalhadores, que terão suas vidas afetadas pela sede de lucro dos acionistas japoneses.

Se não bastasse isso, dentre as poucas notícias que não escondem a situação da fábrica de Indaiatuba, é repetido sempre a ladainha da empresa de que os empregos estarão garantidos em nova fábrica a ser construída em Sorocaba.

O que a empresa, os governos e a imprensa não mostram é que as condições salariais em Sorocaba são muito inferiores às de Indaiatuba. Desta forma, não há verdadeira garantia dos empregos, pois a lógica de redução de custos (é assim que os capitalistas vêem a classe trabalhadora, como custo) vai fazer com que, o quanto antes, a empresa demita aquelas e aqueles originários de Indaiatuba.

Foi exatamente o que aconteceu há poucos anos em outra montadora japonesa, a Honda. Segundo denuncia o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, a empresa levou a produção de carros de Sumaré para Itirapina, e também uma quantidade de trabalhadores. Aos poucos estes foram sendo demitidos, dando lugar a novos contratados que tinham salários inferiores e menos direitos.

Lutar contra o fechamento da Toyota de Indaiatuba!

Nesse sentido, está correto o chamado do sindicato, bem como a postura das trabalhadoras e dos trabalhadores, de posicionarem-se frontalmente contrários ao fechamento da fábrica. Nós do PSTU somos completamente solidários e estaremos juntos nesse combate contra o plano da Toyota.

E exigimos da Câmara dos Vereadores de Indaiatuba e dos governos Gaspar, Tarcísio e Lula-Alckmin, bem como de todas as candidaturas que forem para as eleições deste ano, que se posicionem contra esse absurdo que a montadora busca impor.