Argentina: Dia 24 é greve geral contra os ataques de Javier Milei
Desde dezembro os argentinos estão em luta realizando manifestações, assembleias populares, panelaços contra os ataques do novo presidente, o ultraliberal e reacionário Javier Milei. Para a próxima quarta-feira, dia 24, está convocada a realização de uma greve geral.
Respondendo a uma grande pressão da base, o movimento está sendo convocado pelas diversas Centrais Sindicais argentinas e inúmeras outras organizações sociais e políticas de esquerda, entre elas, o PSTU argentino, partido irmão do PSTU brasileiro, que integra a Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI). A mobilização e auto-organização desde pela base é muito importante tanto para que a greve geral seja um sucesso, como para que a mobilização tenha continuidade até derrotar Milei, caminho que a burocracia sindical e o peronismo não garantem.
Dia 24, acontecerá uma jornada internacional em apoio à greve geral argentina, com realização de atos nas embaixadas em vários países, incluindo o Brasil. Atos já estão sendo convocados nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
A CSP-Conlutas e seus sindicatos já estão empenhados em organizar nas suas bases o apoio internacionalista à greve geral e enviar mensagens de solidariedade dos trabalhadores, sindicatos e movimentos aqui do Brasil aos trabalhadores argentinos. O PSTU também está empenhado nessa campanha e convocamos todos os trabalhadores para os atos de apoio à greve geral argentina contra Milei e seu projeto reacionário de extrema-direita.
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Os ataques de Milei
Um dos primeiros atos de governo do Milei foi a publicação do Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) “omnibus”, que representa um dos maiores ataques contra a classe trabalhadora e a população argentina. O decretou alterou e/ou revogou cerca de 300 leis, atendendo aos interesses dos empresários, com a desculpa de que irá recuperar a economia do país.
Milei tenta impor uma reforma trabalhista que ataca o direito de greve e os acordos coletivos de trabalho. O período de experiência passa a ser de 8 meses. Abre caminho para eliminação das indenizações e as substitui por um Fundo de Desligamento do Trabalho que é pago com descontos no salário do trabalhador. As multas por manter trabalhadores na informalidade são eliminadas.
Milei liberou a lucratividade ao extremo dos planos de saúde e os juros bancários. As medidas aumentaram a inflação e levou a uma explosão na perda de compra dos salários em apenas um mês de governo. A inflação na Argentina fechou 2023 em 211,4%, maior nível em 33 anos. Só em dezembro, alta foi de 25,5%, divulgou o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) do país. As políticas de Milei ampliam a fome e a miséria, marcas do governo de Alberto Fernandez, à população, enquanto favorecem a burguesia.
Outras medidas de Milei buscam garantir ele poderes extraordinários sobre diversas áreas: economia, segurança, finanças, problemas fiscais, energia, tarifas e outros setores, até 31 de dezembro de 2025. Tal medida pode ser prorrogável por mais dois anos. Ou seja, Milei quer poderes absolutos para governar com mão de ferro, de forma ditatorial, já que tem minoria no Congresso.
Beneficia vários grupos empresariais. A Lei do Aluguel é revogada, permitindo que os proprietários imponham contratos em dólares e valores inalcançáveis pelos nossos salários desvalorizados. Liberdade para as empresas de produção de alimentos e laboratórios de medicamentos e suprimentos médicos definirem o preço que propicie mais lucros.
O presidente argentino também abre mão da soberania do país. Suas medidas permitem que os capitalistas estrangeiros possam comprar terras sem restrições. Permite a privatização das empresas públicas. E até deu liberdade à privatização de clubes de futebol, para o controle das entidades por parte de milionários estrangeiros.
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Lutas X Repressão
Mas o povo argentino tem ido à luta contra as medidas ultraliberais e entreguistas de Javier Milei, que tem usado a repressão para responder aos protestos dos trabalhadores e da juventude. Apesar do vacilo das principais direções do movimento e do peronismo, mobilizações organizadas por setores mais à esquerda e mobilizações espontâneas nos bairros tem ocorrido no país, o que forçou as Centrais a chamarem a greve geral.
É preciso avançar na organização das lutas pela base, impulsionar a organização a partir de baixo, realizar assembleias nos locais de trabalho, estudo e moradia. Formar comitês de construção da greve geral, fortalecendo a auto-organização dos trabalhadores, como defende a LIT-QI e o PSTU argentino.
Em texto publicado no site da LIT, o PSTU argentino defende que “frente a política repressora de Milei, é necessário retomar as tradições de autodefesa nas mobilizações da classe trabalhadora. Temos que ir às ruas preparados e lutar contra a repressão em todas as áreas, o que significa lutar pela absolvição de todos os condenados por lutar, como Sebastián Romero, Daniel Ruiz e César Arakaki”.
E, completa: “Devemos impulsionar a organização a partir de baixo, fora desses marcos. Realizar assembleias de resolução em todos os locais de trabalho. Formar comitês com os melhores companheiros e companheiras. Inclusive onde haja delegados que impulsionem a luta, devem estar à frente da auto-organização dos trabalhadores”.
Uma saída diferente
O PSTU argentino também diz que, em meio a esse enfrente com o governo Milei, é dever dos revolucionários denunciar e luar contra as armadilhas das instituições defendidas pelas direções traidoras. Não é hora de trégua ao governo, como defende o peronismo. Era da luta e do enfrentamento direto.
É hora de propor uma saída diferente. Um plano econômico operário e popular que faça com que a crise seja paga pelos ricos e sua casta de políticos bajuladores que a geraram. Para isso é necessário construir uma saída revolucionária, operária e socialista, como alternativa a este sistema podre. Tarefas defendidas pelos nossos camaradas do PSTU argentino.
Solidariedade internacional
Os argentinos estão mostrando como devemos enfrentar a ultradireita: na ação direta, nas ruas, com greve geral.
É fundamental, nesse momento, a solidariedade internacional à luta do povo argentino, para que sejam vitoriosos e que a luta lá iniciada se espalhe para todos os países vizinhos. A LIT-QI e seus partidos, a exemplo do PSTU aqui no Brasil, serão parte ativa na construção da jornada internacional.
Atos já estão sendo convocados em diversos países: Bolívia, Estados Unidos, França Uruguai, Alemanha e Espanha. No Brasil, o PSTU e a CSP-Conlutas são parte da organização dos atos. Vamos divulgar, aqui no site do Opinião Socialista e em nossas redes sociais, a lista dos atos já agendados.
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