Stalinismo: Contrarrevolução e restauração
Esta série foi publicada inicialmente em forma de vídeos no canal do PSTU do YouTube. Com a inauguração do novo portal do Opinião Socialista resolvemos disponibilizar os mesmos episódios na forma de artigos, acompanhados de uma bibliografia para quem quiser se aprofundar no tema
Vamos abordar nos próximos capítulos os mesmos temas que também estão disponíveis no canal do PSTU.
Em breve, haverá uma nova temporada da série. Aguardem!
Stalinismo nunca mais!
Existe muita desinformação e também informação falsa, divulgada intencionalmente, sobre o stalinismo. A maioria das pessoas pensa que a União Soviética, a China e outros países foram socialistas. Ou que Stálin e os governos e partidos stalinistas eram organizações comunistas e marxistas. Mas essas ideias são totalmente falsas.
Stalinismo é o oposto do socialismo
Esses países nunca foram socialistas, nem os partidos stalinistas foram comunistas ou marxistas. A burocracia stalinista usurpou as bandeiras da Revolução Russa, do Partido Bolchevique e do marxismo para se aproveitar do prestígio que a revolução de Outubro tinha entre os trabalhadores de todo o mundo naquela época. Seu objetivo era legitimar o regime totalitário de Stálin.
Na década de 30, Stalin chegou ao cúmulo de proclamar que a União Soviética já havia chegado ao socialismo, quando o país não havia alcançado nem sequer o nível dos países capitalistas avançados. Pior, tinha se transformado em uma terrível ditadura contra os trabalhadores.
Ditaduras stalinistas mataram a democracia operária e restauraram o capitalismo
Essas falsificações foram muito utilizadas pelos governos burgueses, pelo imperialismo, pelos meios de comunicação e ideólogos do capitalismo que sempre procuraram colocar um sinal de igual entre o comunismo e as ditaduras stalinistas. Dessa forma, era mais fácil desprestigiar o comunismo aos olhos dos trabalhadores e dos povos do mundo inteiro.
No fim dos anos 70 e meados da década de 80, os regimes stalinistas entraram em crise econômica e política e as burocracias se viram ameaçadas de perder o poder e os privilégios. Por isso, os governos de Deng Xiaoping na China e Gorbachev na URSS, tomaram medidas conscientes para restaurar o capitalismo. A própria burocracia se transformou em uma nova burguesia.
Pouco depois, os regimes stalinistas da União Soviética e do Leste Europeu foram derrubados por revoltas populares contra essas odiadas ditaduras. A combinação da restauração capitalista com a queda das ditaduras golpeou e quase destruiu o stalinismo.
Neoestalinismo é stalinismo
Os partidos e intelectuais stalinistas trataram de propagar a ideia de que os povos desses países foram enganados pelos ‘cantos de sereia’ do capital e negaram que a restauração tivesse sido efetuada pela própria burocracia. Muitos continuaram a dizer que a China, Cuba, Vietnam e Coreia do Norte são países socialistas, porque são governados por Partidos Comunistas Só que de comunista, esses partidos só tem o nome.
Hoje existe uma tentativa internacional de várias organizações e intelectuais que buscam “maquiar” a imagem do stalinismo para revivê-lo. Existem organizações que reivindicam abertamente Stálin e o stalinismo e atuam principalmente entre a juventude.
Mas, existem intelectuais acadêmicos que defendem o stalinismo de forma mais encoberta. Esses intelectuais tentam naturalizar o stalinismo, argumentando que foi um produto inevitável da necessidade de defender a URSS do nazismo e do imperialismo e consolidar o Estado que nasceu da Revolução de Outubro. Domenico Losurdo, por exemplo, foi um destes intelectuais.
Outros “neostalinistas” afirmam que o ‘stalinismo não existe’ enquanto um corpo coerente de ideias, tradição histórica, etc. Segundo eles, criticar o stalinismo hoje seria bater num espantalho para fazer campanha liberal anticomunista.
Essa é uma tentativa de camuflar o stalinismo para enganar quem não o conhece. Dizem que cometeu “excessos”, mas tentam suavizar seus crimes, justifica-los, naturalizá-los, argumentando que não havia outra alternativa.
Essa tentativa de reerguer o stalinismo se apoia em uma combinação de alguns elementos. As novas gerações desconhecem as traições e os crimes do stalinismo.
Não sabem que houve uma resistência massiva e popular contra as ditaduras stalinistas. Por exemplo, as revoluções políticas socialistas contra a burocracia na Alemanha Oriental em 1953, na Hungria em 1956, Tchecoslováquia em 68 e Polônia em 1980. Todas elas foram esmagadas pela burocracia.
As novas gerações também não conhecem o que foi a luta de milhares de trotskistas e outros grupos de comunistas revolucionários na União Soviética, que apresentaram uma alternativa socialista revolucionária e democrática ao país. Todos eles foram perseguidos e assassinados por Stalin.
O que os intelectuais, partidos e grupos “neostalinistas” estão tentando fazer é se aproveitar dessa falta de informação e conhecimento.
O stalinismo se baseia na colaboração com a burguesia nacional e mundial
Os “neoestalinistas” tentam se aproveitar também do desprestígio dos partidos oportunistas como a socialdemocracia, o PT e o chavismo, para ressuscitar essa corrente burocrática, contrarrevolucionária, de colaboração de classes,
Para as novas gerações, o stalinismo se apresenta como uma verdadeira corrente comunista tentando usurpar de novo essa bandeira. Isso é totalmente falso.
Nessa série vamos abordar, em vários capítulos, diversos temas para explicar, a partir de um ponto de vista marxista, o que foi e o que é o stalinismo.
Vamos começar explicando qual foi a origem da burocratização da URSS e como nasceu e evoluiu o stalinismo, que surgiu nos anos 20 como expressão política de uma casta de burocratas privilegiados, produto do retrocesso da Revolução Russa e da derrota da revolução internacional. Mais tarde, essa burocracia se tornou uma organização contrarrevolucionária.
Vamos explicar como o Stalinismo promoveu distorções e falsificações do marxismo para justificar suas traições.
Veremos que o stalinismo é o contrário do marxismo e do leninismo.
Vamos desmascarar a falsa “teoria” do Socialismo em um só país, que foi a base da política mundial de “Convivência pacífica com o imperialismo”. O stalinismo abandonou o princípio marxista da revolução socialista internacional e do socialismo como sistema internacional.
Vamos denunciar também a política stalinista de conciliação permanente com a burguesia: a chamada política de Frente Popular ou do suposto “campo progressista”, oposta aos princípios marxistas da luta de classes e da independência da classe operária diante da burguesia.
E também vamos mostrar que o conceito de ditadura do proletariado, desenvolvido por Marx não tem nada a ver com um regime totalitário de partido único estabelecido pelo stalinismo. Ao contrário, significava uma ditadura contra a burguesia, mas de ampla democracia para os trabalhadores e setores explorados.
Da mesma forma, a concepção de Lenin de um partido revolucionário era totalmente contrária a um Partido monolítico e antidemocrático como são os partidos stalinistas. O Partido Bolchevique sempre foi um partido centralista democrático com amplo direito às discussões livres e à formação de tendências e frações.
Os crimes do stalinismo e a falsificação da história
Vamos ver que o stalinismo foi responsável por introduzir a prática monstruosa de reprimir, perseguir prender e, principalmente, assassinar socialistas revolucionários dissidentes com o objetivo de eliminar fisicamente a vanguarda comunista da Revolução de Outubro e todos os comunistas que se opunham à burocracia.
Para justificar esses crimes, o stalinismo montou uma verdadeira Escola de falsificações históricas e calúnias contra os comunistas opositores, principalmente os trotskistas, acusando-os de espiões e terroristas a serviço de Hitler e do fascismo e apagando seu papel na revolução russa, incluindo até as fotografias. Dessa forma o stalinismo introduziu no movimento operário a moral destruidora das falsificações, fraudes e calúnias.
Vamos explicar também que, apesar das diferenças entre os países, o stalinismo era um aparato mundial que tinha em comum a existência de burocracias privilegiadas e regimes totalitários e a falsificação dos princípios do socialismo.
O resultado final dos regimes stalinistas foi a restauração do capitalismo. Foi uma decisão consciente do conjunto da burocracia e não somente de uma ala restauracionista ou de um setor opositor.
E, por fim, vamos mostrar que desde o princípio, ao contrário do que dizem os stalinistas, neoestalinistas e charlatães de todo o tipo, havia uma alternativa ao stalinismo: e essa alternativa era a política e o programa de milhares de comunistas agrupados na Oposição de Esquerda trotskista na União Soviética, que depois se transformou na IV Internacional.
O trotskismo é o verdadeiro comunismo!