Editorial: Lula tem que romper relações com Israel, já!
As barbaridades promovidas por Israel contra o povo palestino estão sendo respondidas em todo o mundo com uma forte campanha de solidariedade internacional. No mundo árabe e muçulmano, as mobilizações são massivas e demonstram a força que teria um verdadeiro levante de todos os países da região em defesa dos palestinos. Mas também na Europa, nos Estados Unidos e, aqui, na América Latina ocorreram grandes manifestações.
No Ocidente, há uma forte campanha em defesa da Israel promovida pelos países imperialistas. Contam mentiras, invertem os fatos e escondem seus interesses econômicos, políticos e militares sob a hipocrisia de uma suposta luta contra o terrorismo, defesa da democracia.
Em 2014, Joe Biden, afirmou que a defesa que os EUA fazem de Israel “não é um favor, é uma obrigação, mas também uma necessidade estratégica”. Chegou a falar que “se não houvesse Israel, teríamos que inventar um”. De fato, inventaram.
Israel: um Estado racista e terrorista
Israel foi criado em 1948 em um território onde viviam os palestinos de maioria árabe e, também, havia uma minoria de judeus que conviviam com uma relativa tranquilidade. Este país nasceu apoiado, financiado e sustentado pelos EUA e demais países imperialistas para defender os seus interesses na região, como à exploração do petróleo.
O primeiro e maior ato de violência foi a criação do Estado de Israel, que tomou as terras e as vidas dos palestinos através de massacres, assassinatos e perseguições que se estendem até os dias de hoje.
Israel não é um país democrático, que combate o terrorismo e quer paz, como diz a propaganda da imprensa burguesa. Israel é um Estado teocrático e racista. Ou seja, um Estado baseado na religião, onde as leis e direitos excluem oficialmente os não-judeus. Um Estado onde os palestinos vivem um verdadeiro regime de segregação racial.
Israel não combate o terrorismo pois é ele mesmo que promove o terror todos os dias. A luta de Israel não é contra o Hamas, mas contra o povo palestino. Inclusive, décadas antes da existência do Hamas, que nasceu em 1987, Israel já tinha liderado massacres na Palestina. E, hoje, na Cisjordânia onde o Hamas sequer existe, promovem bombardeios, assassinatos e ataques aos palestinos.
O uso distorcido da fé e a manipulação da mídia
Esta Israel não tem nada a ver com a Israel bíblica. Não tem nada a ver com religião. O que vemos são poderosos homens capitalistas garantindo seus negócios e seus interesses geopolíticos e econômicos.
Aqui no Brasil, inclusive, o bolsonarismo vem tentando se aproveitar desse debate, misturando, mais uma vez, política e religião e abusando da fé das pessoas. Em nome de Deus, defendem os crimes de um Estado controlado por um homem como Netanyahu, presidente da ultradireita sionista, que tentou acabar com a Suprema Corte de seu próprio país, e que nem os próprios israelenses defendem mais.
Também é lamentável o papel da grande imprensa. Reproduzem acriticamente todas argumentações dos defensores de Israel, que não apenas justificam as ações bárbaras deste país nesse momento, com os bombardeios, mas também justificam seu suposto direito de atacar e destruir os palestinos.
Essa imprensa apenas reproduz o que pensa um setor da burguesia que gosta de se dizer democrática ou contra o bolsonarismo. Mas, eis que aqui estão todos juntos na defesa das atrocidades cometidas por Israel. Inclusive ajudando o bolsonarismo, ao alimentarem a indústria de “fake News”, mentiras e perseguições que os apoiadores da causa palestina estão enfrentando.
Lula e demais governos
No Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), o governo Lula propôs uma resolução que, ao mesmo tempo, agradava Israel e tentava defender um cessar fogo contra os exageros dos bombardeios atuais a Gaza. Ainda assim, os EUA vetaram a resolução, provando que não quer paz alguma.
As posturas adotadas por países como Brasil, China e Rússia, ao mesmo tempo que criticam Israel e os palestinos, se dizem pela paz e buscam uma solução de “dois Estados”, reconhecendo, assim, na prática, o direito de Israel possuir as terras roubadas dos palestinos.
São posturas que não ajudam em nada os palestinos e não movem um dedo no sentido de romper relações com Israel. O que só mostra que, também estes setores burgueses, não têm interesse algum em uma Palestina livre. Lula deveria romper relações militares, diplomáticas e econômicas com Israel, já. Ao chamar a resistência palestina de “terrorismo”, Lula mostra o nível de subserviência ao imperialismo dos EUA.
Solidariedade internacional
Tudo isso só reforça a importância de redobrarmos a solidariedade dos trabalhadores e de todos os povos oprimidos e explorados do mundo com a resistência palestina. Esta luta tem tudo a ver com a luta dos trabalhadores no Brasil. Afinal, somos um país dominado economicamente pelas mesmas potências imperialistas que sustentam Israel e massacram os palestinos em Gaza.
Defendemos a mais ampla unidade de ação com o Hamas e qualquer um que esteja a favor da luta do povo palestino. Mas é preciso que também discutamos os limites políticos e estratégicos dessa batalha. Os militantes do Hamas resistem e lutam bravamente contra Israel. Mas, a direção do Hamas defende uma política conservadora e não defende abertamente uma Palestina Laica e Democrática. Por mais que tenha surgido de uma crítica correta aos acordos feitos de Oslo, que controla a Cisjordânia, o Hamas tampouco representa uma alternativa ao povo palestino. Organizações como estas têm limites exatamente por terem direções burguesas e um programa adaptado à ordem capitalista. Não apontam como saída a organização da classe trabalhadora e a combinação da luta por libertação nacional com um processo revolucionário e socialista na Palestina.
As lutas no Brasil
O governo Lula segue aprofundando esta dominação com sua política de desenvolvimento baseado em privatizações, Parcerias Público-Privadas, o que, na prática, significa a venda do Brasil. E mesmo com as benesses que têm recebido, os capitalistas não titubeiam em atacar os trabalhadores. Por isso mesmo, depois do programa do governo de subsídios ao preço do carro e todo tipo de isenção fiscal que recebe, a GM demitiu vários trabalhadores.
Diante disto, são importantíssimas as lutas contra as privatizações promovidas pelos governos estaduais, que contam com a conivência do governo federal, que tem um projeto similar, assim como a luta contra os cortes de verbas nas áreas sociais e contra a privatização da Educação, a começar pela presença do bilionário e desonesto Jorge Lemann no interior do Ministério da Educação (MEC).