O Amazonas mais uma vez asfixiado pelo descaso dos governos
Sam Silva, de Manaus (AM)
O governador Wilson Lima (União Brasil) repete, em 2023, a mesma política que implementou durante os anos de pandemia, onde o nosso estado foi, sem dúvidas, um dos que mais sofreu com a Covid-19, com milhares de mortos (centenas por falta de oxigênio), valas coletivas e famílias inteiras destruídas pela política negacionista de Bolsonaro e seguida pelo governador e o prefeito na época, Arthur Neto.
Nesta quarta-feira, 11 de outubro, Manaus acordou coberta de fumaça. Mais uma vez, a qualidade do ar é considerada perigosa e a segunda pior do mundo, de acordo com o painel de monitoramento de qualidade internacional World’s Air Polution, que reúne dados de sensores ao redor do mundo – incluindo o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva). Segundo a Defesa Civil do Amazonas, no período de 12 de julho a 9 de outubro, mais de 2.000 focos de incêndio foram combatidos.
Wilson Lima e o prefeito David Almeida assistem de camarote quilômetros de florestas em chamas e rios cada vez mais secos, enquanto a nossa classe sofre com o ar poluído e o desabastecimento.
Um novo cenário catastrófico para o Amazonas
Estamos enfrentando uma das piores estiagens da história de nossa região, e nenhuma medida foi tomada para se antecipar as graves consequências que estamos vivendo. A seca tem provocado o fenômeno do desbarrancamento que tem feito vilas inteiras desaparecer, como Vila do Arumã, no município de Beruri (a 178 quilômetros de Manaus). Uma criança e um adolescente morreram na queda do barranco. 42 municípios estão em estado de emergência, são 60 dos 62 municípios atingidos pela seca.
A seca desse ano coloca uma nova situação. “A gente vai ter que deslocar populações inteiras que vivem em áreas que se tornarão improdutivas. Essa seca não é um fenômeno isolado, é parte de um novo cenário climático que estamos vivendo, as coisas mudaram e agora nós precisamos nos preparar para nos adaptar a uma nova realidade para a Amazônia”, afirmou o secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira, ao jornal Valor Econômico.
A nova realidade colocada para nossa região é assombrosa: calor absurdo batendo o recorde dos últimos 30 anos com sensação térmica de 49°C, seca e crise de abastecimento, ar poluído e venenoso e muitos desastres ambientais. Eventos climáticos extremos deveriam ocorrer de forma esporádica, a cada 100 anos, dizem os cientistas. Mas nos últimos 10 anos foram registradas na Amazônia três grandes cheias (2009, 2012 e 2015) e três grandes secas (2005, 2010 e 2016). Em outras palavras, pesquisadores se preocupam com a imprevisibilidade do clima na região. E, para piorar, nas cheias ou nas secas, a fome e a necessidade de deslocamentos populacionais têm se tornado problemas cada vez mais graves.
Socialismo ou a barbárie climática
A sanha por lucro do capital é insaciável e só vai parar quando levar a humanidade à barbárie. O agronegócio, as mineradoras, madeireiras e todos aqueles que veem nos recursos naturais somente um meio para ampliar seus bilhões, precisam ser parados ou seremos arrastados para uma morte lenta e dolorosa. O que aconteceu durante a pandemia está se repetindo – a negligência dos governos com a crise climática, com as medidas sanitárias e com soluções para a crise; e sua determinação para manter os lucros dos banqueiros e empresários que sequer vivem em nosso país, estão encurtando nosso tempo aqui.
Lula se preocupa somente com o resultado do seu arcabouço fiscal e com as reformas que ainda precisa implementar para garantir sua “governabilidade”. As grandes centrais sindicais não mobilizam um fio de cabelo com o argumento de que fazendo qualquer ato estariam fortalecendo a extrema direita. Vejam a preocupação dos vereadores em Manaus. Dane-se se o povo está sendo asfixiado mais uma vez, se está passando fome ou sem água, o que importa é fazer média com o estado genocida de Israel.
As medias paliativas dos governos não vão resolver a crise. Como colocado no artigo do camarada Jeferson Choma, no jornal Opinião Socialista de mês, “Ou revolucionamos a sociedade e as forças produtivas ou iremos encarar a barbárie” (leia aqui).