RS: A luta contra a privatização da Carris continua
Direção Municipal do PSTU de Porto Alegre (RS)
A população de Porto Alegre (RS) tem assistido a luta dos (as) rodoviários (as) contra a privatização da Carris, encomendada pelo prefeito Sebastião Melo (MDB). Está programada para o dia 2 de outubro a abertura dos envelopes das propostas de compra da Companhia.
“Na real, o processo é tão viciado que a proposta do Melo é vender a CARRIS por um valor simbólico. Ou seja, a prefeitura está pagando para alguém ficar com a CARRIS, é flagrante a forma com que o Paço Municipal beneficia o comprador. O prefeito usa dinheiro público para beneficiar os barões do transporte“, afirma Luís Afonso Martins, delegado sindical da Carrris, militante do PSTU e ativista da CSP-Conlutas.
Como um liberal capacho do patronato, Melo tem sucateado (demissão dos cobradores, falta de manutenção, reduzindo número de ônibus rodando, etc.) ao máximo a companhia, na tentativa de jogar a população contra os (as) trabalhadores (as), apostando na desgraça para facilitar a privatização junto à opinião pública. Tudo isso, com o apoio da maior parte da imprensa subserviente aos governos e adepta do Estado mínimo.
“Essa luta também é dos demais trabalhadores e do povo pobre. Pois, com a venda da CARRIS o serviço de transporte ficará todo nas mãos da iniciativa privada que coloca o lucro acima da vida. No período de forte contaminação pela Covid-19 as empresas reduziram o número de ônibus rodando, acumulando os usuários e expondo-os ao perigo do vírus“, relata Afonso Martins.
Com a venda da Carris, se perderá o contraponto que se pode fazer para emparedar os barões da Associação de Transportadores de Passageiros (ATP). Vão estar mais livres para impor alterações no transporte coletivo da cidade em prejuízo da população e para aumentos abusivos das tarifas. É importante dizer que, corriqueiramente, as empresas privadas abandonam as linhas que dão um contingente baixo de passageiros e a Carris se obriga a assumir. Isso que os barões do transporte recebem fartas isenções e ajudas financeiras do poder público.
Pior é que os trabalhadores e trabalhadoras sequer podem contar com o seu sindicato. Ao invés de fazer a luta contra a privatização, desde já, gasta energia pensando no pós-privatização, de como o sindicato sobreviverá. Mas, os motoristas, cobradores, administrativos e outros estão mantendo a guarda e as manifestações que estão ocorrendo, como a do último dia 21 de setembro, organizada pelo PSTU, CSP-Conlutas, PCB, Alicerce, FAG e independentes, mostra isso.
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Importante dizer que a soma de esforços na luta é bem bem-vinda. Porém, a movimentação parlamentar (PT, PSOL e PCdoB), restrita aos gabinetes e plenário, já bateu no teto. A chamada oposição parlamentar não conseguiu fazer frente ao bloco privatista que apoia o Melo. Até porque apoiam o governo Lula/Alckimin que, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) financia os estudos para a privatização do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE), auxiliando o Prefeito entreguista Sebastião Melo. Sem falar nas Parcerias-Público-Privadas (PPPs) praticadas pelo governo federal e na proposta de privatização de presídios.
Já passou da hora de todos virem para a rua, apostar alto na luta, na via da ação direta e que o sindicato organize a greve deliberada em assembleia. É preciso unificar as lutas com as demais categorias de trabalhadores, sindicatos, centrais, partidos de esquerda e outros. Inclusive, na unidade de enfrentamento contra as privatizações do governador Eduardo Leite, a exemplo da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e das políticas entreguistas de Lula, como a privatização dos presídios e o metrô de Belo Horizonte (BH) já vendido. A entrega do patrimônio público e a desestatização impactam negativamente na vida da população trabalhadora e na nossa luta.
Defendemos uma Carris 100% pública. O transporte coletivo supre necessidades fundamentais como a de transportar pessoas, ajudando na organização da movimentação nas cidades e diminuindo os poluentes. E deve estrar sob o controle dos (as) trabalhadores (as), porque quem usa é que sabe pensar e organizar a melhor forma para que o serviço beneficie de fato a população e não sirva de mecanismo de exploração e enriquecimento de meia dúzia. “MELO SAI, CARRIS FICA” – como cantam os trabalhadores em suas manifestações.