Metrô-SP: Trabalhadores da construção civil da Linha 6 laranja estão de greve! Todo apoio!
Começou na manhã deste dia 4, em diversos canteiros de obra nas regiões Norte e Oeste de São Paulo, uma paralisação dos trabalhadores nas obras da linha 6 laranja, do Metrô.
A categoria, que já vem de uma discussão de 5 meses com a empresa, reivindica direito aos vales-alimentação e saúde, troca da empresa responsável pela cozinha, reajuste salarial de acordo com a inflação, aumento salarial real – ou seja, de acordo com o valor do reajuste – e adicional de insalubridade, pois trabalham também nos subterrâneos e não recebem nenhuma compensação.
O PSTU esteve presente no Pátio Morro Grande, localizado na Brasilândia, Zona Noroeste de São Paulo. Além da solidariedade entre nossa classe, os camaradas também chamaram a categoria para conhecer a Casa Luiza Mahin, espaço político-cultural organizado por nossa militância na região e aberto a todos movimentos que querem somar nas lutas dos trabalhadores da região no trabalho e no dia a dia.
Condições de trabalho insalubres não são novidades na terceirização
A precarização do trabalho não é novidade nas empresas que rodeiam o sistema metroferroviário de São Paulo. Em julho, 140 trabalhadoras do setor da limpeza da linha 4-amarela foram demitidas para terceirizar todo o serviço. A decisão, que por si só já seria absurda, ainda contou com a crueldade da Via Quatro: além das funcionárias não serem avisadas, os armários onde guardavam seus itens pessoais foram arrombados e os pertences entregues em sacos de lixo.
Esse descaso não é por acaso: tanto no exemplo citado (linha 4-amarela) como no caso dos trabalhadores do Pátio Morro Grande, tudo é feito pela iniciativa privada para maximizar os lucros. Isso se reflete diretamente nas condições de trabalho de quem presta o serviço para essas empresas.
Nas linhas 8 e 9 da CPTM, administradas pela Via Mobilidade, os condutores de trem recebem um treino de apenas um mês para assumir suas funções, enquanto nas linhas estatais, esse período vai de 3 a 4 meses. Em reportagem de maio do Fantástico, condutores da CPTM que participaram do treinamento chegaram a dizer que “não se sentem seguros” em andar na nova linha.
Por outro lado, a pressão sobre os trabalhadores terceirizados coloca não só suas saúdes em risco, já que sofrem diversos assédios pelos acidentes nas linhas e tem que trabalhar com pouco descanso entre os turnos para cobrirem a demanda; mas de toda a população, que depende de um serviço pior para seguir sobrevivendo.
Descaso com a periferia na entrega da linha laranja é marca do Estado e das empresas responsáveis
A linha-6 laranja é cercada de uma série de denúncias de corrupção, acidentes catastróficos e o descaso histórico com a demanda da periferia. O serviço, que cobriria parte da zona noroeste de São Paulo (Brasilândia, Freguesia do Ó, Pirituba, Vila Penteado, Água Branca) é uma reivindicação antiga dos moradores da região pelo metrô, já que até hoje, grande parte desses bairros depende só do sistema rodoviário.
O descaso do Estado faz parte da realidade de qualquer morador da periferia. Além da oferta de serviços ser sempre mais precária – hospitais, transporte público, escolas -, de dois em dois anos, sempre passa alguém que diz que “dará um jeito” nessa situação. A história da linha-6 laranja não é diferente: fruto da política privatista do então governador Geraldo Alckmin, a obra, que deveria ter começado em 2010, só se iniciou em 2015 com previsão de entrega para 2020, e até hoje segue com parcos avanços.
Em 2016, as empresas responsáveis originalmente pela obra – o consórcio Move São Paulo, formado pelas empresas Odebrecht, Queiroz Galvão, UTC Participações e Fundo Eco Realty – foram todas denunciadas por corrupção no processo de desapropriações dos imóveis para a instalação das estações. Com isso, o financiamento do governo foi suspenso e as obras permaneceram paralisadas. Em 2020, o grupo espanhol Acciona reassumiu as obras.
Em 2022, um acidente de enormes proporções atingiu um dos canteiros de obra na marginal tietê, abrindo uma cratera gigantesca ao lado da via. Altino Prazeres, camarada metroviário e diretor do sindicato na época, denunciou na época: “A obra da Linha 6 está totalmente nas mãos do setor privado. Desde o inicio foi marcada por vários problemas. Chegou a ser paralisada e abandonada pelo primeiro consórcio vencedor formado pela Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC, sendo retomada apenas em 2020 pelo grupo espanhol Acciona”, explicou.
“Esse filme em que o lucro máximo é o que importa já conhecemos: atrasos, pedidos de mais recursos, acidentes, tarifas caras e serviço de má qualidade”, disse.
Lutar ao lado dos trabalhadores e da periferia é enfrentar as privatizações!
A privatização não coloca só em risco a saúde dos trabalhadores do sistema metroferroviário, como também piora em muito a qualidade de vida na periferia. Bastam ver os consecutivos acidentes nas linhas agora privadas da CPTM, onde quem sofre é o morador das pontas.
Sendo assim, sejamos francos: o problema é só com a qualidade do serviço ou para o que serve esses serviços? Se esses setores eram do Estado, que sempre privilegiou os ricos, como ficam agora que estão na mão de empresas milionárias?
O Estado não pode ser só um administrador dos interesses desse punhado de pessoas, que não chegam a 10% da população. Quando o Estado lava as mãos e deixa tudo para a iniciativa privada, ele não demonstra confiar na qualidade do serviço, pois nós que dependemos dele no dia a dia já não confiamos. Ele demostra sim que só quer garantir mais dinheiro aos seus investidores, enquanto se envolve em corrupção junto com essas empresas.
Não existe solução para os problemas da classe trabalhadora sem acabar com o desvio dos recursos públicos e a exploração privada a serviço dos bilionários. O dinheiro do Estado é fruto da riqueza que os trabalhadores geram e dos impostos pagos por eles. Portanto, deve ser usado para atender a população que precisa.
Para isso, é necessário seguir o exemplo dos trabalhadores da construção civil da linha 6-laranja e organizar a resistência contra esse punhado de milionários e os governos privatistas, sejam ele como em São Paulo contra Tarcísio; seja em âmbito federal, como os metrôs de BH e Porto Alegre, que foram entregues pelo governo Lula/Alckmin.
Defendemos um sistema metroferroviário 100% estatal, com reestatização das linhas privatizadas. Os trabalhadores podem e devem organizar a demanda de seus trabalhos com a população em conselhos, pensando no melhor para todos, e não para poucos endinheirados que não sabem o dia o dia de um trem lotado.
Some conosco no plebiscito contra as privatizações!
Dia 5 de setembro, os metroviários, ferroviários e funcionários da SABESP realizarão um plebiscito com o objetivo de fazer o governo recuar com a onda de privatizações. Não é direito dele decidir por cima, então é hora de ouvir a população sobre o que ela tem achado dessa onda de ataques.
A militância do PSTU estende esse convite a todos e todas as camaradas, movimentos sociais e diversas organizações que desejem se somar na luta em defesa dos nossos direitos. Compareça, dia 5, às 18h na quadra dos Bancários (rua Tabatinguera, 192). Vem com a gente!