RJ: Trabalhadores da Educação de Macaé realizaram greve de 72 horas. A luta continua!
Os trabalhadores da educação do município de Macaé, no Rio de Janeiro, realizaram uma forte greve por 72 horas. A categoria atendeu ao chamado do Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro) e foi à luta pela reposição das perdas salarias, hoje calculada pelo Dieese em 47,67%; pelo cumprimento do Piso Nacional do Magistério; pelo cumprimento do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV); pela realização de concurso público; pelo cumprimento da lei que garante 1/3 da carga horária para planejamento; pela garantia de um piso salarial aos funcionários das escolas e respeito aos direitos dos trabalhadores contratados.
O prefeito Welberth Rezende (Cidadania) nega-se a atender a pauta da categoria. “Foi uma greve forte, fruto de uma mobilização que iniciou ainda ano passado, junto com os demais servidores públicos. Este ano já realizamos manifestações e na assembleia da categoria da educação, realizada no dia 31 de maio, definimos pela greve de 72 horas”, explica a professora Sabrina Luz, presidente do diretório municipal do PSTU em Macaé.
Nos três dias de paralisação, os trabalhadores realizaram caminhadas pelas ruas da cidade. As passeatas reuniam mais de 2 mil pessoas. “Teve um levante da categoria, que não suporta mais tantos ataques. O prefeito, além de não atender as nossas reivindicações, tentou impedir a greve com uma ação na Justiça. Na noite anterior ao início da nossa mobilização, saiu uma liminar contra a greve, mas isso não impediu que a greve acontecesse”, ressalta Sabrina.
A prefeitura busca não reconhecer a representatividade do Sepe, alegando que os trabalhadores da educação são representados pelo Sindicato dos Servidores Públicos de Macaé (Sindservi), que é um sindicato pelego, que não organiza a luta e está atrelado ao governo.
“A liminar que a prefeitura conseguiu não surtiu efeito porque para a categoria o Sepe é o nosso sindicato. É ele que nos representa legalmente. O Sindservi é um sindicato traidor, não faz nada em defesa dos trabalhadores. A liminar surtiu efeito contrário ao que queria a prefeitura, que era desmobilizar. Mas a categoria se fortaleceu. Professores e funcionários se unificaram. Ganhamos apoios dos pais dos alunos e da sociedade. Por isso, votamos a manutenção do estado de greve. No próximo dia 28, vamos realizar uma nova assembleia e traçar um novo calendário de luta”, pontua a militante do PSTU.
A professora Sabrina Luz chama atenção para fato de que a cidade de Macaé, conhecida como a capital do petróleo brasileiro, tem muito dinheiro, mas não se investe em serviços públicos, nos salários dos servidores municipais e em políticas públicas à população pobre da cidade.
“Por ser a capital do petróleo brasileiro, o orçamento de Macaé é bilionário e aumenta a cada ano. Tem dinheiro. Mas as prioridades do prefeito Welberth Rezende não são os trabalhadores e o povo pobre. O slogan da prefeitura é ‘Macaé tá bombando’. Mas está bombando de obras milionárias nos bairros ricos e shows. Enquanto para os serviços e os servidores públicos, nada”, denuncia Sabrina.
E, acrescenta “Os serviços públicos estão piorando, por isso tem uma insatisfação da população e dos servidores públicos. Enquanto nos bairros dos ricos a prefeitura está trocando os gramados, as escolas estão caindo aos pedaços e turmas da Educação de Jovens e Adultos foram fechadas. As escolas sofrem com um sério problema de falta de água, porque falta água nas comunidades. Temos que liberar os alunos mais cedo porque não tem água nas escolas. É escandaloso uma cidade tão rica, sermos obrigados a passar por essa situação. Além de luta por nossos direitos e em defesa dos serviços públicos, temos que lutar por uma Macaé para os trabalhadores e o povo pobre.
Sabrina Luz ressalta também a importância da unificação das greves da educação que estão ocorrendo em todo o país e ressalta a necessidade de ligar essa luta contra o arcabouço fiscal do governo Lula-Alckmin. “Estão ocorrendo greves da educação em diversos estados, a exemplo aqui do Rio de Janeiro. Temos que unificar essas greves em defesa dos nossos direitos e da educação pública, fazendo a ligação com o arcabouço fiscal do governo Lula-Alckmin, que é um grande ataque aos serviços públicos e aos trabalhadores, pois impõe um teto de gasto com serviços essenciais como saúde e educação, congela salários dos servidores e impede a realização de concursos públicos. É preciso derrotar nas ruas esse arcabouço fiscal neoliberal do governo Lula-Alckmin, feito para beneficiar banqueiros e empresários”, finaliza Sabrina.