Especial: 10 anos do Junho de 2013
Há dez anos, o Brasil assistiu a uma explosão social e política. Milhões foram às ruas e tomaram os palácios numa gigantesca, talvez a maior, ação de massas totalmente espontânea, que passou por cima das direções do PT, da CUT e das centrais sindicais burocráticas.
Mas o Junho de 2013 não foi um processo isolado. Estava inserido em um contexto mundial de lutas dos trabalhadores e da juventude por causa das consequências da crise econômica global iniciada em 2007-2008.
Principalmente em 2011, especificamente a partir da revolução na Tunísia, a Primavera Árabe varreu ditaduras no norte da África e no Oriente Médio. Greves gerais na Grécia colocaram em xeque o governo e desmascaram a chamada Troica (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional). O movimento dos Indignados tomou as ruas da Espanha, enquanto nos EUA o Occupy Wall Street questionava um dos maiores símbolos do capital financeiro.
Na última década, o Brasil passou por um turbilhão político e social. Foram vários eventos de importância histórica. Não é possível entender a realidade brasileira de hoje sem compreender o que foi o Junho de 2013. Mas ali já estava determinado o que aconteceria nos anos seguintes.
Nada estava definido de antemão. Junho de 2013 e os eventos posteriores são parte de um processo da luta de classes no Brasil que se aprofundou e agudizou a polarização. Por isso, é importante fazer uma reflexão, justamente para tirarmos lições daquele processo e do que veio depois.
Existiam outros caminhos, desbravados pelas mobilizações dos trabalhadores e da juventude, que poderiam ter nos conduzido por um percurso muito distinto. Porém esse percurso foi abortado, como mostraremos neste especial.
Há um certo tabu sobre Junho de 2013. Poucos temas políticos e sociais são tão negligenciados pelos analistas, tanto da burguesia quanto do setor majoritário da esquerda, como o PT. Em vez de tentar entender o que realmente se passou, preferem buscar narrativas em base à necessidade de justificar suas políticas.
Optamos por outro caminho. Trazer à luz o que foi o processo em junho de 2013 e, mais que isso, como ele se ligou aos fenômenos políticos posteriores: a eleição de 2014; os atos de 2015; o impeachment de Dilma em 2016; a luta contra Temer em 2017; a ascensão de Bolsonaro em 2018; e finalmente a volta de Lula em 2023.
Todos os ativistas e lutadores atuais têm uma porção de dúvidas e tentam entender o que aconteceu. Como um processo de lutas daquela magnitude foi encerrado? Os ventos de Junho de 2013 ainda sopram? Como a luta de classes seguiu se desenrolando após esse processo?
Neste especial do Opinião Socialista, tentamos responder a essas e outras questões.
Uma explosão social que estremeceu as placas tectônicas do país
A trilha de uma rebelião social
O que foi feito de “Junho de 2013”?
Onde estavam Bolsonaro e a ultradireita?
Especial Junho: Os limites do “Junho de 2013”: uma década de lições para a esquerda