Pistoleiros atacam indígenas Avá Guarani na virada do ano e deixam um baleado
Crime ocorreu em Terra Indígena localizada na região oeste do Paraná
Em plena virada do ano, indígenas Avá Guarani do oeste do Paraná, foram atacados por um grupo de pistoleiros. Os tiros registrados nas últimas horas da terça-feira (31) feriram um morador da Terra Indígena (TI) Tekoha Guasu Guavirá, localizada entre Guaíra e Terra Roxa.
O ataque criminoso é o terceiro consecutivo. No domingo (29) e na segunda-feira (30), um grupo de pessoas também ateou fogo e jogaram bombas na comunidade. Plantações e barracos foram incendiados na ocasião.
Os Avá Guarani tem alertado as autoridades competentes sobre o aumento da violência na região, desde novembro. No entanto, a inoperância do governo federal segue sendo um escândalo.
A Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) chegou a ser acionada, porém, segundo relatos, apenas fotografou o local antes de deixar a região. A comunidade denuncia que os suspeitos continuam sendo vistos em uma plantação de eucalipto próxima a TI.
A FNSP também chegou a afirmar que os disparos ouvidos tratavam-se de foguetes das comemorações de ano novo. Porém, os Avá Guarani conseguiram coletar dezenas de cápsulas das balas utilizadas pelos pistoleiros.
Ao longo dos últimos três dias os Avá Guarani acionaram a Fundação Nacional do Povos Indígenas (Funai), o Ministério do Povos Indígenas (MPI) e o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH) do Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), pois temem novos conflitos ao longo do recesso de fim de ano.
“Que mais a gente precisa fazer? Quanto mais vidas precisam para realmente vocês acreditarem em nós, enquanto o nosso parente mais uma vez está sendo baleado, mais uma vez está levando chumbo no corpo?”, questionou uma liderança indígena em entrevista ao portal do Cimi (Conselho Indigenista Missionário)
Lentidão nas demarcações
A violência enfrentada pelos Avá Guarani ocorre após os indígenas iniciarem um processo de retomada, mas principalmente pela lentidão que marca o processo de demarcação de terras no país.
Desde julho de 2023, os Avá Guarani tem sofrido ataques constantes. O processo de demarcação do território está paralisado desde então por determinação judicial com base na tese do marco temporal.
A morosidade jurídica em demarcar e proteger a terra indígena tem gerado consequências irreversíveis à comunidade. Além do cansaço, impera a negação dos direitos originários assegurados pela Constituição de 1988.
“Quando a gente fala que a aldeia corre o risco de extermínio é porque o município é totalmente anti-indígena, não gosta de indígena. Estamos cansados de tudo isso, alguém precisa fazer alguma coisa”, afirmou outra liderança.